A TRISTEZA E UMA ESPERANÇA
A velhinha, sozinha na sala, assiste televisão sem prestar atenção - nada é atraente para ela, nada alegra sua vida.
A casa está cheia e ela sozinha. Filhos, filhas, netos passam por ela: Oi, vó! Oi, bisa, tudo bem? Ela mal tem tempo para dizer se está bem ou não, e quem perguntou já se foi.
Gostaria de dizer que é bom ser avó, ser bisa; contar o quanto seu marido ficaria feliz se pudesse ver como está a família que os dois começaram a construir.
Gostaria de perguntar sobre o trabalho deles, seus amores, alegrias, tristezas, mas não tem chance, não lhe dão oportunidade.
Ouviu a neta dizer que comprou um cachecol de crochê - por que comprar se a avó sabe fazer mais lindos, mais caprichados, feitos com os fios de seu amor?
Ela ouve o barulho que vem da cozinha e pensa: como seria bom se a chamassem para ajudar, ou só para ficar junto.
Queria contar estórias para as crianças, mas elas agora só gostam de jogar no computador... mal sabem que aquela velhinha sabe tantos contos, tantas brincadeiras, tantos jogos...
Na hora do almoço alguém faz seu prato (sem antes perguntar o quê gostaria de comer), e ela come sem vontade e seu alimento fica mais salgado - algumas lágrimas teimam em cair.
A tarde chega - vamos embora, vó?
A avó vai, docemente, docilmente...
Um dia perdido pela família, um dia triste para a velhinha que pensava que teria um pouco de alegria.
Na casa de repouso é recebida com abraço e logo vão perguntando: Então, Dona Maria, como foi o seu dia?
E ela conta que foi um dia maravilhosos, alegre junto de sua linda família. Se divertiu, riu e imagine, até dançou com o filho!
Cansada ela adormeceu esperando pelo dia maravilhoso há tanto tempo sonhado.
(Mima Badan)
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