Recanto de Palavras

O homem dos sonhos de Maria tem que ser bonito, educado, ter cheiro bom, saber rir e até gargalhar. Ele tem que saber cantar, gostar da primavera e agasalhá-la quando o inverno chegar. Se não tratar bem os pais, nem pense em chegar perto de Maria. Ela sempre ouviu dizer que marido bom é aquele que é bom filho. Não pode se esquecer do aniversário de Maria, do dia que se conheceram, o dia do primeiro beijo, essas datas importantes... Tem que dar flores de presente, reparar no cabelo novo de Maria e ter paciência na TPM (é só dar carinho e chocolate que ela se acalma). Se souber cozinhar leva grande vantagem - homem que sabe fazer um bom risoto, servir vinho e café na cama... deveria ser prerrequisito para uma união... O que Maria sonha não é pouco, mas já que é para sonhar, tudo é permitido. E como dizem que os anjos dizem "amém" aos bons sonhos, sonhe Maria, sonhe! (Mima Badan)

Se a tristeza bater na minha porta, diga a ela que não estou. Não estou para a tristeza, nem tenho tempo para ela... tenho mais o que fazer. Tenho que estudar, poetar, brincar, orar e namorar, então, cadê tempo para a tal tristeza? Se ela não tem o que fazer, eu tenho. Diga a ela que não estou. (Mima Badan)

Assistindo ao show de Paul McCartney tinha a sensação de que, não só ele estava no palco, mas aqueles anos dos Beatles também lá estavam. Lembranças passavam pela minha cabeça, o que eles causaram nos jovens com seus cabelos, suas atitudes, suas músicas - bons tempos de letras singelas, inocentes que embalaram bailinhos, namoros... Os Beatles se foram, mas o sonho... esse não acabou e continuará empolgando os jovens que nem viveram a época do auge dos Beatles, que lotaram o estádio, cantaram com Paul mostrando que ele é ainda um ídolo. Salve Paul!!! E felizes somos nós que vivemos o nascimento, o crescimento e o término dessa banda maravilhosa... mas que continuará, não só na lembrança... na presença de Paul tam bém... (Mima Badan)

A tarde está nublada a chuva cai suave Chopin ecoa pela sala fique nostálgica O velho no quadro me olha a flor no vaso murcha o passarinho voa fiquei nostálgica A família está ocupada os amigos viajaram os filhos cresceram fiquei nostálgica O filme é triste a música lenta o livro enfadonho fiquei nostálgica É, ando meio nostálgica... (Mima Badan)

Rosa é mulher de João. João é um pescador, um homem do mar. É até chamado João do Mar, como se mar fosse seu sobrenome. Rosa e João não têm os filhos que tanto desejaram, e dizem que Deus não mandou crianças que é para que um pudesse amar o outro sem dividir esse amor com ninguém              João sai para pescar muito cedo, tão cedo que o sol ainda está tirando um cochilo. Arruma as tralhas, faz café, beija Rosa, pega seu barco e entra no mar. O dia de Rosa é lento, o tempo custa a passar... E, assim que o sol começa a se despedir vai à praia esperar por seu amor.       E quando o barco desponta lá adiante o coração de Rosa serena – seu amor está de volta. Ele chega feliz. A pescaria foi boa e renderá um bom dinheiro – vai dar até pra comprar um vestido novo pra Rosa. João abraça a mulher como se estivessem distantes durante muito tempo, faz declarações de amor e suas mãos calejadas correm pelo corpo de Rosa e ela sente que aquelas mãos são macias, e como sabem fazer carinho!

Quero uma casa nova. Se alguém souber de alguma legal, me avise, por favor. Ela tem que ser bonitinha, ter um alpendre com primavera florida, uma canteiro de margaridas, um pé de jasmim outro de dama-da-noite. Tem que ter pomar florido, passarinhos e borboletas. Vou precisar também de um sótão para guardar um mundaréu de coisas antigas. Tem que ter uma casinha de bonecas, um balanço e um laguinho. Quero um lugar muito lindo para meus livros, meus discos e minhas fotografias. Ah, e não pode ser muito longe, senão meus amigos não vão me visitar... Aguardo informações. (Mima Badan)

Sr. Carlos era um homem alegre mas, desde que ficou viúvo mudou muito. Anda triste, quieto, recluso em seu velho apartamento. Sai apenas para comprar o que necessita, não para viver, mas sobreviver. Uma manhã Sr. Carlos ouviu um barulho estranho no elevador, no andar em que mora - olhou pelo olho mágico e viu que estava chegando mudança. Ele, todo implicante, já ficou pensando que, se tivesse crianças, lá ia seu sossego. Se tivesse cachorro, então, um inferno. Nos dois dias seguintes ele se esqueceu dos novos vizinhos. Toca a campainha e ele, resmungando vai atender e vê na sua porta uma linda moça: alta, longos cabelos negros e olhos grandes da cor da jabuticaba. Tinha o mais lindo sorriso que ele já vira. - Bom dia, disse ela. Sou Carolina, sua nova vizinha. Espero que possamos nos dar bem, sermos até amigos. Ele, quase sem falar apenas agradeceu, fechou a porta e ficou pensando no atrevimento da moça: onde já se viu querer ser amiga de quem nem conhec

Vou jogar fora tudo que não uso tudo que não quero    Vou jogar fora    blusas, vestidos,    saias, casacos       Preciso jogar fora       tudo que me faz mal       tudo que traz tristeza    Preciso jogar fora    mágoas, medos,    dores, amarguras Vou jogar fora preciso jogar fora tenho que conseguir preciso conseguir Conseguirei? (Mima Badan)

A vida passou pela janela a moça de tão distraida nem viu, nem notou. E se a vida não voltar mais? O moço bonito passou pela rua olhou nos olhos da moça bonita ela nem viu, nem notou. E se o moço bonito não olhar mais? O amor chegou na porta do coração da moça bateu, bateu, chamou ela não viu, nem notou. E se o amor não bater mais? Por distração a moça não viu a vida passar o moço olhar o amor bater. (Mima Badan)