MINHA AVÓ E NHA JOANA

VOVÓ CHICA

Francisca, minha avó, ficou viúva muito moça e tinha para criar vários filhos.

Estava longe da família e não podia contar com ninguém nas labutas da casa, na criação dos filhos.

Um dia bateu em sua porta uma mulher negra pedindo uma esmola, um prato de comida, um agasalho; disse que "qualquer coisa servia"...

Minha avó, mulher bondosa, não pensou duas vezes: mandou a mulher entrar e deu a ela um prato de comida e alguma prosa.

Ela se chamava Joana mas as pessoas a chamavam Nha Joana. Não tinha família nem casa - vivia perambulando pelas ruas à procura do trabalho que nunca chegava e de um pouco da bondade de alguém.

Minha avó viu nos olhos de Nha Joana bondade e pensou: por que não acolher, dar um abrigo? E foi o que fez.

A partir daquele dia Nha Joana foi a amiga, a irmã, a mãe de Francisca. Juntas faziam quitutes, tricotavam, faziam crochê e cuidavam das crianças. Falavam do passado e sonhavam juntas com um futuro bonito.

Nha Joana viu os filhos de Francisca crescerem e virarem gente grande. Foi envelhecendo e um dia ela partiu deixando o coração de Francisca triste.

Eu, apesar de não ter conhecido Nha Joana, sempre tive por ela um enorme carinho agradecido. Sempre achei que ela era o anjo que Deus colocou na vida de minha avó, que foi o anjo de nossa família.

Acho que meu anjo tem o rosto e os olhos bondosos de Nha Joana, filha de escravos que um dia bateu na porta de minha avó.

A sua benção, Nha Joana.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Quer saber?