A ESPERA DE ROSA

Rosa é mulher de João. João é um pescador, um homem do mar. É até chamado João do Mar, como se mar fosse seu sobrenome. Rosa e João não têm os filhos que tanto desejaram, e dizem que Deus não mandou crianças que é para que um pudesse amar o outro sem dividir esse amor com ninguém    
        João sai para pescar muito cedo, tão cedo que o sol ainda está tirando um cochilo. Arruma as tralhas, faz café, beija Rosa, pega seu barco e entra no mar. O dia de Rosa é lento, o tempo custa a passar... E, assim que o sol começa a se despedir vai à praia esperar por seu amor.

      E quando o barco desponta lá adiante o coração de Rosa serena – seu amor está de volta. Ele chega feliz. A pescaria foi boa e renderá um bom dinheiro – vai dar até pra comprar um vestido novo pra Rosa. João abraça a mulher como se estivessem distantes durante muito tempo, faz declarações de amor e suas mãos calejadas correm pelo corpo de Rosa e ela sente que aquelas mãos são macias, e como sabem fazer carinho!
   
      
      Dia após dia essa é a vida de Rosa: afazeres domésticos e a espera no final da tarde. Só aos domingos é que muda a rotina: eles vão até a vila, rezam na capela e passeiam de mãos dadas causando sempre uma ponta de inveja em quem os vê assim tão amorosos.

        Certo dia Rosa estranhou: João ainda dormia e o sol já brilhava alto. João decidiu: naquele dia não ia pescar. Queria passar o dia todo com sua mulher. Ela, na maior alegria colocou uma roupa bonita, passearam na praia, tomaram sol, fizeram amor. 

      Rosa nunca tinha visto seu marido tão sonhador, amoroso, feliz. Fazia planos e agradecia a Rosa pela vida que tinha. À noite tocou violão, cantou as músicas que Rosa mais gostava e foram dormir felizes.
      
No outro dia lá estava João indo para o mar e, em vez de dar a Rosa o beijo de costume, a acordou e quis que ela o acompanhasse até o barco. Despediram-se amorosamente e lá se foi João do Mar para mais uma pescaria
O dia passou, o sol deu lugar para a lua. Rosa espera. Passa a noite a esperar e João não chega. O João do Mar não chegou...

A vida de Rosa seguiu, por muitos anos, a mesma rotina: afazeres domésticos e a espera por João. Ficava sentada na praia horas, dias, anos sem entender porque seu amor não chegava.

Os cabelos de Rosa ficaram prateados. Seus lindos cabelos negros se foram. E, na espera, até o mar dela se apiedou. Quando Rosa do mar se aproximou, carinhosamente ele a levou para junto de seu amor.

Rosa não espera mais. Está nos braços de João.

((Mima Badan)

Comentários

  1. Que bom descobrir você! Pessoa linda que sabe transmitir toda a beleza do viver!

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