O VELHO E A MOÇA BONITA



Sr. Carlos era um homem alegre mas, desde que ficou viúvo mudou muito. Anda triste, quieto, recluso em seu velho apartamento. Sai apenas para comprar o que necessita, não para viver, mas sobreviver.
Uma manhã Sr. Carlos ouviu um barulho estranho no elevador, no andar em que mora - olhou pelo olho mágico e viu que estava chegando mudança.

Ele, todo implicante, já ficou pensando que, se tivesse crianças, lá ia seu sossego. Se tivesse cachorro, então, um inferno.

Nos dois dias seguintes ele se esqueceu dos novos vizinhos.

Toca a campainha e ele, resmungando vai atender e vê na sua porta uma linda moça: alta, longos cabelos negros e olhos grandes da cor da jabuticaba. Tinha o mais lindo sorriso que ele já vira.

- Bom dia, disse ela. Sou Carolina, sua nova vizinha. Espero que possamos nos dar bem, sermos até amigos.

Ele, quase sem falar apenas agradeceu, fechou a porta e ficou pensando no atrevimento da moça: onde já se viu querer ser amiga de quem nem conhece?

Os dias vão passando e Sr. Carlos de vez em quando via Carolina - no elevador, no corredor, no jardim, na garagem. Ela sempre lhe sorria e perguntava como estava.

Sr. Carlos já a cumprimentava com certa simpatia, gostava de cruzar com Carolina.

Numa rápida conversa ela lhe perguntou se ele já tinha visto que beleza estavam as árvores da rua, todas tão floridas, tão lindas.

- Não, não reparei - foi a resposta.

Mas, assim que saiu na rua para a caminhada diária, ele viu que as árvores estavam floridas mesmo... Sr. Carlos caminhou com mais prazer e até certa alegria.

Do apartamento de Carolina chegava até Sr. Carlos música, cheiro de bolo, de flores. No apartamento do Sr. Carlos o cheiro era de pó, de mofo. Quanta diferença, ele pensou.

E, quando saiu para as compras - comprou um vaso de flores. Sua sala ficou tão mais alegre que, enquanto ele assistia ao jogo na TV, de vez em quando olhava para as flores e, sem perceber, sorria.

De conversa em conversa com Carolina, a vida do velho foi mudando: ela, a vida, estava mais leve, mais feliz.
Seus filhos, quando o visitavam notavam a diferença - como o pai estava mudado!

Carolina nem tinha ideia do bem que fazia àquele velho... continuou proseando, sorrindo e Sr. Carlos... proseando e agora sorrindo...

(Mima Badan)



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