NO PRONTO-SOCORRO

Na sala de espera do Pronto-Socorro os rostos estão apreensivos, preocupados - alguns revelam dor, cansaço.

A velhinha negra tem vinte de pressão, a cabeça dói e ela não se queixa: sorri.

Um homem muito magro nem fala - está fraco, muito fraco. Fraca também está sua mulher, que sozinha cuida do homem que um dia foi seu jovem marido. Ele tem depressão, não se alimenta e não reage a nada, a ninguém.

Uma enfermeira corre de um lado para outro procurando atender a todos - seu rosto cansado transmite calma e competência.

Pessoas vão embora, outras chegam - os rostos parecem os mesmos, as dores também.

Fiquei imaginando o que poderiam estar pensando, sentindo... mas acho que não é possível saber.

A doença maltrata, enfraquece, reduz sonhos.

Mas os rostos mudam e ganham certo ar de esperança quando são chamados pelos médicos - saem com receitas, remédios ou guias de internação.

No rosto do médico podia se ver que também tem esperança... ou não...

Saí do Pronto-Socorro achando que minha dor era nenhuma... não precisei da consulta, do médico, do remédio... já estava melhor, muito melhor.

Caminhei pela rua sentindo uma garoa gostosa no rosto... não tinha nada, mais nada.

(Mima Badan)

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