INDIGNAÇÃO

A filha levou o pai doente ao hospital achando que voltaria para casa com ele reabilitado, afinal, imaginava que nem era nada grave.

O pai gemia, suava mas não se queixava para não preocupar a filha. Sabia que lá no hospital um doutor daria jeito no seu mal, na sua dor.

Seo José sempre admirou os médicos, achava que eram especiais, pessoas que só queriam o bem e a saúde dos outros.

A filha, junto com seu pai esperou, esperou sem reclamar. O pai, junto com sua filha esperou, esperou querendo reclamar, mas não reclamou.

Onde estão os médicos?  perguntou a filha.

As horas correm, o cansaço chega para moça e seu pai. As dores aumentam e o sofrimento do pobre pai é cada vez maior.

A filha percorre corredores a procura de ajuda, e fica cada vez mais apavorada, achando que nada seria feito. Macas estão nos corredores e nelas homens, mulheres e crianças gemem suas dores e esperam.

Onde estão os médicos? De onde virá a ajuda?

Ela, incorformada vai para junto do pai que já não precisa de ajuda: morreu. Morreu no hospital e sem ajuda. Morreu, o pai da moça morreu e não deveria, não era chegada sua hora.

A filha chora olhando seu pai, aquele homem que a colocou no mundo, a ensinou a viver e a amou. E agora, a quem reclamar, em quem confiar?

Ela quer saber: para onde vai o dinheiro que ouviu dizer os tais hospitais recebem? Quem salvará aquelas criaturas jogadas nas macas chorando suas dores?

A moça vai embora para uma outra tarefa: avisar sua mãe - o pai havia partido. Partido só, sem ajuda, sozinho com seu sofrimento.

Ela sabe que outras vezes isso acontecerá e ela presenciará: sua mãe está envelhecendo, a avó está doente, a tia, a irmã...

Até quando, meu Deus? É o que ela gostaria de saber. E as lágrimas chegam querendo aliviar sua alma.


(Mima Badan)

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